Mais tarde, em 15 de Outubro de 1941, verificou-se nova mudança de instalações, tendo então a sede do Sindicato começando a funcionar na Rua Fernandes Tomás, 849-1º Porto. Aqui funcionou durante 16 anos (até que, finalmente, se fixou em 1 de Junho de 1957 na Rua de Cedofeita, 484-2º, Porto).
Começa nos anos 40 a maior tentativa de organizar a Enfermagem, no nosso País. Dos preâmbulos dos decretos, então publicados, ressalta essa preocupação. Mas organizar não significa, no nosso caso, anular todo o passado, para escrever um novo futuro. Pelo contrário, pretendeu-se criar condições modelares, que servissem de exemplo aos restantes. Abriram-se, deste modo, novos horizontes à nossa profissão.
Neste espírito de renovação surge a Escola Técnica de Enfermeiras, na dependência do Instituto Português de Oncologia. Ideia e concretização corretas na época, podemos hoje apontar-lhes as virtudes que o tempo diluiu e, nalguns casos, transformou em defeitos. Os alunos tinham um grau de habilitações superior à medis das outras escolas, igualmente na dependência de hospitais; eram exclusivamente do sexo feminino. O ensino oficial foi, em grande parte, ministrado e apoiado por enfermeiras vindas doutras paragens, onde experiência idêntica tinha sido feita.
O campo de estágio era essencialmente o Instituto, onde os doentes são mais ou menos oncológicos. Criou-se assim uma escola fechada, auto-suficiente, sem querer ou poder notar o que se passava à sua volta.
Com as características que vimos a apontar estavam criadas as condições para que a escola envelhecesse ou desaparecesse com os seus fundadores. Era apenas uma questão de tempo. Não desapareceu mas é evidente que envelheceu.
Criada para modelo, ajudada por dentro e subsidiada por fora, formou enfermeiras, para a época altamente qualificadas e também, e, igual grau, privilegiadas, pois as que não tinham lugar no instituto iam, logo, ocupar lugares de topo na hierarquia da enfermagem, em serviços criados ou a criar. As habilitações adquiridas naquela escola eram incontestadas e incontestáveis. O diploma de curso, que curiosamente nem precisava de nota, era a melhor carta de recomendação. Hoje é uma Escola marginalizada e metida na sua cápsula. Não se contesta o valor que a Escola teve, nem o mérito dos profissionais que formou. Lamenta-se a incapacidade de renovação.
À medida que as escolas anexas iam formando Enfermeiros que não tinham lugar nesses mesmos hospitais, ensaiavam os Sindicatos dos Enfermeiros passos decisivos na dignificação da classe. Basta recordar que só a partir de 1944 foi proibido o exercício da enfermagem a pessoas não habilitadas com um curso de Enfermagem e apenas a partir de 1950 nas instituições hospitalares.O facto de se ter proibido o exercício legal, primeiramente fora dos hospitais e, só depois, nestes, denota já a influência dos Sindicatos da época.